quarta-feira, agosto 22, 2007

Nesta janela de 4º andar que agora tenho, vejo quase a cidade toda. Nisso tinhas razão: voltei! Voltei para ti, cidade que me viu nascer!
Mas não voltei para ti, meu amor. Já é tarde para voltar. O tempo passou e tu já cá não estás. Soube-o assim que pousei os pés neste chão. Não precisei de perguntar. Ninguém teve de me contar. Sei que já cá não estás. Sei.
Soube assim que o ar se extinguiu. Num leve estremecimento. Soube porque as portas da terra se abriram. E as ouvi rugir. E tudo em mim tremeu. E o silêncio me devorou. E eu soube que tinhas partido. E que já não podias voltar mais.
Agora, aqui deste 4º andar por onde avisto a cidade, sei de cor os teus passos, aqueles que percorreste comigo. E sinto todos os que não vivi contigo. Sei que foste feliz sem mim. (E agora, és feliz? É-se feliz aí, onde estás?)
Respiro o perfume desta cidade, tão diferente de todas as outras. Mas tudo me sabe a ti. Todos os perfumes me levam a ti. Cheira-me a madeira, a árvore grande, segura e serena.
Voltei a minha cidade mas, meu amor, os meus passos são solitários. Porque as ruas não têm a mesma graça. E o rio perdeu aquela luz que sempre me inebriou.
Meu raio de sol…

4 comentários:

  1. Tudo passa... eventualmente! ;-)

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  2. As pessoas que saiem da nossa vida, deixam um vazio que varia de tamanho e de grau de dor consoante o que representavam para nós...

    Às vezes, torna-se quase insuportável saber que essa pessoa está feliz quando nós estamos destroçados...

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  3. Matchbox30, eu acredito que ficaria feliz sabendo que a outra pessoa está bem. No caso deste texto (que é pura ficção) quando pergunto se se é feliz lá onde ele está, refiro-me ao lugar além da morte...

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  4. Ahhh... ok! Assim fico mais descansado! Lol!

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