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sexta-feira, julho 11, 2003

Poderia escrever sobre esta terra que me acolheu, da necessidade de ser acolhida, de ter um chão onde descansar o corpo, do pó e cansaço destas minhas viagens intermináveis. Mas não quero, não me apetece e assim é a vida! Vou libertando a vontade de fazer à medida do necessário, disparando para todos os lados. Hoje será para aqui, ontem foi para uma profusão de cores que se misturaram e deram vida a mais uma mulher, inerte numa tela, como que parada no tempo. Amanhã, não sei para que lado...A dispersão é uma doença. Agrava-se com a idade...Não sou capaz de me ater perante uma folha branca sem dúvidas porque entre as palavras nascem imagens, umas mais perfeitas, fotografias a cores ou não consoante a intensidade da dor; outras imagens, passam por palavras ditas ao acaso, apressadas, quase em fúria, sem revisão nem leitura póstuma, como se de raiva pudesse vingar-me sem remorsos...Vezes há em que preciso abrir as portas ao pensamento, dando-lhe cor, transformando a vida em cores, arriscando em pinceladas incertas um pensamento vago. Nunca sei como ficará. É a forma de expressão mais difícil porque em cada segundo surge a indefinição, como fazer, como dar vida ao pensamento, será mais azul, menos amarelo...Infinitas interrogações. Até que surge ali! Perfeito. E meu. O meu mundo, a minha realidade...
Porque hoje me apetecia só dançar, ter asas de anjo e pular entre as nuvens, não vou falar nada. Nem vou dizer como troquei o oceano do meu horizonte por este mar dourado...Fica para a próxima...