As memórias confundem-se. Não sei precisar todos os pormenores. Vejo bocados, rasgados. Trechos entrecortados. Juntos, os bocados não fazem um todo. Mas fazem sentido. Algum, pelo menos. Sim, apenas algum sentido. Não todo. Não o suficiente para mim. Mas doloroso. Tivesse tanto de compreensão como de doloroso e estaria a história toda completa. Mas não está. Vejo apenas bocados. E penso muitas vezes se será a dor que me impede de ver tudo. Se a memória tiver sido selectiva e escolhido o menos difícil de recordar? E aí, assusto-me. Encolho-me…será isto o mais fácil? Haverá ainda algo mais difícil de recordar?...encolho-me e fecho os olhos. Penso. Mas não me lembro de mais nada….por vezes, há sensações que me assaltam. Sensações que me retiram força e o ar que respiro. E que vem acompanhadas de imagens. Fugazes. Indefinidas. Tão rápidas que não permitem reter faces, pormenores que me deixem identificar pessoas. Sensações que se repetem. E que no passar dos tempos vêm reduzindo o espaço da sua intermitência.
Não sei o que são. A quem se dirigem. Serei eu? Serei eu agora, nesta vida? Parece até ridículo pensar se é a esta vida que se reportam. Mas é fácil de perceber. É fácil de entender este desejo. São essas memórias de tal forma perturbadoras que desejo acreditar que se tenham passado em outras vidas que não esta. Não esta. Não esta…
Mas vejo imagens que me rasgam. Que me doem. Fisicamente. Principalmente, fisicamente. Acho que me doem na alma apenas por consequência. Por serem uma consequência. E até aqui me parece que a memoria escapa ao meu comando. Vejo mas não quero ver. Vejo mas não sei ver. Continuo vendo e não querendo ver. Mas vendo sempre. Porque quero saber. Apenas não quero sentir. Preferia que fosse como no cinema. Eu, espectadora. Ora bocejando. Ora rindo. Mas abandonando a cadeira no final sabendo que a história acaba no final da película. Mas este argumento ainda não está todo escrito. Não sei como acabará. Não sei por que provações me fará ainda passar. Que torturas me fará sentir. Mas sei…não, não sei. Vou jogando com as palavras. Tentando encontrar o rumo certo. Para que sejam elas a contar-me as histórias que não quero ter vivido. Para que não me pareçam minhas enquanto as escrevo. Como uma expurgação.
Não sei o que são. A quem se dirigem. Serei eu? Serei eu agora, nesta vida? Parece até ridículo pensar se é a esta vida que se reportam. Mas é fácil de perceber. É fácil de entender este desejo. São essas memórias de tal forma perturbadoras que desejo acreditar que se tenham passado em outras vidas que não esta. Não esta. Não esta…
Mas vejo imagens que me rasgam. Que me doem. Fisicamente. Principalmente, fisicamente. Acho que me doem na alma apenas por consequência. Por serem uma consequência. E até aqui me parece que a memoria escapa ao meu comando. Vejo mas não quero ver. Vejo mas não sei ver. Continuo vendo e não querendo ver. Mas vendo sempre. Porque quero saber. Apenas não quero sentir. Preferia que fosse como no cinema. Eu, espectadora. Ora bocejando. Ora rindo. Mas abandonando a cadeira no final sabendo que a história acaba no final da película. Mas este argumento ainda não está todo escrito. Não sei como acabará. Não sei por que provações me fará ainda passar. Que torturas me fará sentir. Mas sei…não, não sei. Vou jogando com as palavras. Tentando encontrar o rumo certo. Para que sejam elas a contar-me as histórias que não quero ter vivido. Para que não me pareçam minhas enquanto as escrevo. Como uma expurgação.
3 Comments:
At 3:03 da tarde, Anónimo said…
vou trocar contigo algo q escrevi e nunca mostrei a ng
At 3:22 da tarde, Anónimo said…
paulo
suavemente entendi que a chuva caía
e não era livre!! caía sempre na mesma direcção...
de cima para baixo, tal e qual
a lei da gravidade legitima.
tem o seu destino em queda livre...
de encontro ao chão espalha-se
em simbiose com a pedra
q vai esburacando ao longo dos anos
cria rugas eternas
rugas feitas de emoções de pedra
jardins onde as flores não se colhem
partem-se...
para longe para lugar nenhum.
são loucas imagens pensadas
no sen fundo da alma
qual confusão na mente do homeless emocional
suavemente me assassinaram
como o vento em pétalas frágeis
como um sniper frio e calculista procurando seu alvo
a morte?! não, ele falhou!!
feriu-me, paralisou minha mente
antes a morte; que resta para amar?!
ficou o silêncio tenebroso, a solidão que não pára
onde estão so pequenos ruídos da vida?
aqules que ao acordar nos invadem?
que ao respirar estão connosco?...
grito, mas é ulçtrasónico
só os cães me ouvem
ladram para mim como se de um ladrão se tratasse
rasgam-me as entranhas
do meu hara kiri social
a inércia do post mortem invade-me
sobe por cada poro lentamente. doce elixir de um mago
perdido em sentimentos desconexos
tudo é uma enorme tenda de espelhos
na feira da vida
saltimbancos, mimos, mudos, palhaços risonhos, mágicos falsos
que não me fazem desaparecer...!
nada é real na mente embora realmente seja bem verdade
que o buraco negro chegou e não é outro início.
não é um big bang... é mesmo a minha vida que implodiu!!!
At 3:29 da tarde, Anónimo said…
Obrigada Paulo por partilhares as magoas da vida...Faz por achares que estou aí e que, como em tantas outras alturas, sou companheira de passeios à beira-mar e que, tal como nessas alturas, sou a amiga com quem podes contar. Obrigada!
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