Por acaso...
O empregado continuava a olhar impávido para mim. Tinha de decidir rapidamente.
- Um café ou talvez água. Não, espere!
Ficar aqui, sentado na esplanada a beber um café ou água, faz-me lembrar os tristes. Aqueles que esperam e desesperam por alguém. E ali ficam, desconfortáveis com os olhares. Com a certeza de que todos sabem que foram esquecidos. E nesse instante, esboroa-se toda a importância do ser, porque afinal, quem é importante não espera por ninguém! O ar de enfado do empregado começa a irritar-me.
- Não sei o que vou tomar, digo-lhe depois.
E fico a vê-lo a afastar-se, indiferente. O meu corpo rendeu-se ao calor e transborda. Fico desconfortável, não queria que me visse assim...O empregado olha para mim, de longe. Tenho mesmo que decidir o que tomar. Talvez assim me livre daqueles olhos vazios. Talvez um Gin. Sim, um Gin Tónico! Parecia mal? Acho que não... No calor deste fim de tarde ia beber um Gin e escaparia à imagem dos tristes. Passaria a ser um daqueles que se delicia no descanso. Daqueles que apreciam a vida e os seus prazeres.
- Um Gin Tónico, por favor!
Olho em volta e claro que ninguém reparou em mim. O calor animou as conversas e tornou os corpos indulgentes. Ninguém reparou que continuo à espera. E com um pouco de ansiedade, confesso. Mas tenho vontade de a ver de novo! Nunca imaginei voltar a vê-la e por isso o acaso apanhou-me desprevenido. E fiquei, penso, com ar de adolescente.
Como me encantou a luz dos seus olhos! Acho que estava bonita, mas não sei bem o que mudou nestes 10 anos. Sei que os seus olhos brilham de intensidade. Não sei, não me lembro como é o seu cabelo, que transformações sofreram com o passar dos anos. Não sei se o seu corpo amadureceu. Só fui capaz de a olhar nos olhos. E a sua luz ofuscou tudo o mais. E dei comigo a querer voltar a vê-la.
- Amanhã, às cinco. Na esplanada, lembras-te?
- Na esplanada?... Claro que me lembro! Lá estarei!
Mas já não me lembrava. E passei a noite a calcorrear os caminhos da minha memória em busca de uma esplanada. Não uma esplanada qualquer, mas daquela esplanada!
E agora que cá estou, lembro-me de muito mais. Lembro-me que chegar a horas nunca foi o seu forte. E agora, à distância, rio-me das minhas brigas pelas demoras!
- Um café ou talvez água. Não, espere!
Ficar aqui, sentado na esplanada a beber um café ou água, faz-me lembrar os tristes. Aqueles que esperam e desesperam por alguém. E ali ficam, desconfortáveis com os olhares. Com a certeza de que todos sabem que foram esquecidos. E nesse instante, esboroa-se toda a importância do ser, porque afinal, quem é importante não espera por ninguém! O ar de enfado do empregado começa a irritar-me.
- Não sei o que vou tomar, digo-lhe depois.
E fico a vê-lo a afastar-se, indiferente. O meu corpo rendeu-se ao calor e transborda. Fico desconfortável, não queria que me visse assim...O empregado olha para mim, de longe. Tenho mesmo que decidir o que tomar. Talvez assim me livre daqueles olhos vazios. Talvez um Gin. Sim, um Gin Tónico! Parecia mal? Acho que não... No calor deste fim de tarde ia beber um Gin e escaparia à imagem dos tristes. Passaria a ser um daqueles que se delicia no descanso. Daqueles que apreciam a vida e os seus prazeres.
- Um Gin Tónico, por favor!
Olho em volta e claro que ninguém reparou em mim. O calor animou as conversas e tornou os corpos indulgentes. Ninguém reparou que continuo à espera. E com um pouco de ansiedade, confesso. Mas tenho vontade de a ver de novo! Nunca imaginei voltar a vê-la e por isso o acaso apanhou-me desprevenido. E fiquei, penso, com ar de adolescente.
Como me encantou a luz dos seus olhos! Acho que estava bonita, mas não sei bem o que mudou nestes 10 anos. Sei que os seus olhos brilham de intensidade. Não sei, não me lembro como é o seu cabelo, que transformações sofreram com o passar dos anos. Não sei se o seu corpo amadureceu. Só fui capaz de a olhar nos olhos. E a sua luz ofuscou tudo o mais. E dei comigo a querer voltar a vê-la.
- Amanhã, às cinco. Na esplanada, lembras-te?
- Na esplanada?... Claro que me lembro! Lá estarei!
Mas já não me lembrava. E passei a noite a calcorrear os caminhos da minha memória em busca de uma esplanada. Não uma esplanada qualquer, mas daquela esplanada!
E agora que cá estou, lembro-me de muito mais. Lembro-me que chegar a horas nunca foi o seu forte. E agora, à distância, rio-me das minhas brigas pelas demoras!
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home