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quinta-feira, dezembro 28, 2006

Adeus esquecimento...

Um bilhete apenas…
Um adeus sem mais nada.

Chove lá fora. Chove sempre que a este quarto retorno.

Amsterdam continuam a ser a mesma cidade confusa e misteriosa. Onde a ordem e a existência se faz à custa de tremendos diques que seguram o oceano, disseste.
Mas noutros tempos, desafiaste a lógica destas construções e galgaste oceanos. Mergulhaste no corpo que se te oferecia. Sem medo.
Acreditaste que corpo e água e calor te fariam respirar. De novo. Uma vez mais.

Um bilhete apenas…
Um adeus como um aceno. Longínquo.

E chove furiosamente. Como sempre chove quando a ti retorno.

Já não cheguei a tempo. A tempo nenhum. Esgotou-se no silêncio. Levando consigo todas as palavras que ali deveriam ter ficado. Junto a um adeus. No lugar daquele adeus.
Palavras que contassem os sorrisos. Que convidassem ao sonho. Que levassem a outros lugares onde o perfume fosse mais doce. E os gestos mais serenos e densos.

Um bilhete apenas.
Cheio de silêncios que não dizem coisa nenhuma.

As minhas lágrimas confundem-se com as gotas de chuva. Torrenciais.

Um adeus que apaga os sorrisos dos dias de sol mediterrâneo. A pele dourada. Sedosa.
As mãos. As mesmas mãos…Quanto tempo passou? Vidas, umas depois das outras. Todos os dias. Mas o que interessa? O mundo parou com o teu adeus. E tenho dificuldade em fechar a porta deste quarto que ainda há pouco deixaste.
Levo o teu adeus apertado na minha mão. Aperto-o ainda mais enquanto desço as escadas que um dia os dois subimos e que nos levavam até outro mundo.

Um bilhete apenas…
Adeus. Até sempre. Até nunca mais.

Chove em mim como nas pedras desta rua…