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segunda-feira, julho 14, 2003

Perdoem-me a distracção.
Perdi-me no pensamento...
Não, não ouvi.
Também não tenho o trabalho pronto.
Perdoem-me a distracção...
Perdi-me no vento que corre lá fora.
Perdi-me nas entranhas do pensamento.
Nas minhas próprias entranhas...
Não, não é nada de importante.
Nada que vos interesse saber.
Nada que importe saber.
Bem sei que vos revolveis por dentro.
A curiosidade consome-vos o pensamento,
A especulação domina-vos.
Afinal, seria mais alguém para saborear.
Com as suas fraquezas,
Na comparação da mesquinhez.
Não, não tenho nada.
Nada para vos dizer.
Perdi-me em mim...
Nessa imensidão de memórias.
Bem... As memórias ainda são o menos.
Viveu-se e já está.
Visitam-se e de vez em quando aparecem de surpresa.
Mas pronto. Não há nada a fazer.
Fica o sabor amargo na boca da saudade.
Não, a memória é o que menos interessa.
O pior são os desejos...
Desejar-se o que se deseja...
Desejar-se não sabendo dizer o quê.
Desejar-se, pronto...
Perdoem-me lá a distracção...
Bem sei que não posso prometer ficar sempre cá.
Tenho de me perder algumas vezes...
Preciso de me escapar...
E o pior nem é só sair de mim alguns minutos
Passar horas fictícias em algum outro lugar.
Pior é mesmo desejar não voltar...
Desejar. E não saber dizer onde queria estar.
Perdoem-me a distracção.
Mas tenho o peito a rebentar...
Preciso de sair de mim, viajar para outro lugar
Onde tenha mais espaço, mais ar para respirar.
Onde possa gritar sem que me ouçam.
Sair de mim mesma...
Perdoem-me, mas não fui feita assim...
Não sou de cá. Não sou feita de palha.
Ainda tenho sonhos. Ainda desejo voar.
Perdoem-me a distracção....
O trabalho fica pronto em breve.
Sim, vou esforçar-me por vos ouvir.
Por estar presente e ser como vós...
Perdoem-me. Preciso de ir vomitar.