abrotea

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sexta-feira, julho 29, 2005

Apercebi-me que preciso de férias...
A estação é propícia mas a época não.
Contingências de quem tem de se adaptar não às suas necessidades e às dos seus, mas às da sociedade e daquilo que inventaram a pretexto de se viver melhor...
Assim, curto será o tempo de descanso. Daqui a uma semana regresso às lides.
Entretanto, vai saber bem sair da secura deste Alentejo e estacionar no Minho, à beira-mar.
São as saudades da minha terra, do meu mar, dos amigos que ainda tenho!
Na próxima semana regressarei mais confortada!
Até lá!

terça-feira, julho 26, 2005



São estes os teus olhos...

sexta-feira, julho 01, 2005

Pura Poesia

As vezes, fico de olhos vermelhos e lábios comprimidos.
De raiva, de tristeza.
E tenho mesmo vontade de chorar,
De deixar as lágrimas caírem sem esforço.
Mas não mo permito.
E não é hora de teorizar porquês.
Muitas vezes, fujo para este local.
Escapo do mundo deixando escapar as palavras.
Sempre alivia um pouco.
Mas há dias que nem mesmo isso consola...
Porque há dias, em que as palavras estão, também elas,
Tristes...
E a tristeza deixa-as pequeninas,
Sem vontade de dizer...
Em momentos como esses, recordo-me com frequência de poesias.
Poesias que me encheram a alma.
Recordo-me porque preenchem o silêncio do momento.
Porque dizem o sentimento. Da única maneira perfeita.
Essa, é a poesia pura.
Leva-nos para onde quer,
Preenche o vazio que se sente.
Diz as exactas palavras que não somos capazes de dizer
Conjuga o nosso pensamento, o nosso sentimento.
E passa a ser nossa.
Essa é a poesia.
Mas, basta de justificações.
Reli um poema de Eugénio de Andrade.
As suas palavras, podiam ser minhas.
Porque são o que não fui capaz de dizer.
Aqui ficam...


Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.


Mas isso era no tempo dos segredos.
Era no tempo em que o teu corpo era um aquário.
Era no tempo em que os meus olhos
eram os tais peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade:
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus

Eugénio de Andrade