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quinta-feira, junho 29, 2006

Solidão…
Apetece-me solidão.


Sem querer, o dia consome-me…
A luz, o calor, este brilho que me fere a alma
O ar que sufoca, abafa o coração
Sinto-me apertada em mim.
O pensamento que devora
Sentimento de vazio
A memória que se esvai, em fio
Como a água fresca que não corre.

Apetece-me solidão…

quarta-feira, junho 28, 2006

Poemas breves...

Lençóis brancos
num quarto de motel
A luz coada pelas cortinas douradas
O pôr de sol a rugir no horizonte
Uma aragem de doçura
Dois corpos nus
tacteando o desejo
dedos que percorrem a pele
com a volúpia da brisa
olhos que se consomem
na lentidão da bruma
gestos incompletos
expectantes
surpresos
no final, o silêncio
dos corpos
...
(Um obrigada ao "Anónimo" que escreveu e me autorizou a publicar)

terça-feira, junho 27, 2006

Quero-te nua. Despida de tudo. Prazeres vividos. Memorias guardadas. Quero-te sem sonho nem expectativas. Quero-te vazia de sentimentos. Quero-te assim. Sem mais nada. Para que deixes cair em mim. E te possa devorar. Penetrar. E te consuma tudo o que em vão ficou. E te deposite de mim todo o amor. Toda a paixão. Todo o desejo. Toda a luxúria. E prazer.

quinta-feira, junho 22, 2006

Não te quero ver. Não te quero escrever. Não me apetece ouvir-te. Deixa-me só. Deixa-me sozinha. Comigo. Porque me apetece repousar nas memórias. Fechar os olhos e descansar o corpo no pensamento. Para depois o despertar em muitas carícias. Em toques leves de doçura. Deixa-me! Assim repousada no meu eu. No que me alimenta. Porque quero despertar com o rubor de quem teve um sonho. Deixa-me no silêncio do teu corpo. Para que me possa recordar do momento em que não era teu. Nem meu. Nem de ninguém. Deixa, assim, o meu corpo junto a mim. Exausto desta viagem para fora de mim. Preciso de te reencontrar no desejo. Uma e outra vez. Neste desejo que persiste para além das palavras. Deixa-me, então, livre. De toda a memória. De todas as palavras nunca antes ditas. Para que assim seja apenas eu. Só.

Beijo-te
Como se os teus olhos estivessem já aqui
Ao toque da minha pele
Dos meus sentidos
E o teu respirar fosse presente
Beijo-te
Como se as tuas mãos me segurassem
Me apertassem
E te sentisse a pulsar em mim
Intenso.

Beijo-te
Com saudade….
Não interessam mais as palavras porque todas foram já ditas e gastaram-se. Não quero ouvi-las de novo. Nem quero dizê-las outra vez. Queria reinventar a linguagem. Trazer novas palavras. Novos significados. E aprender a falar de novo.

segunda-feira, junho 05, 2006

Nada explica. Nada justifica…
E fica este pesar, esta mágoa.
Fossilizada pelo passar dos anos.
A dor, essa não se apaga.
A memória não descansa.
E a vida tropeça em cada passo.
Não avança nem procede.
Recua a cada instante
Ao fantasma. Ao passado.
À dor. À humilhação.
Às certezas de que nada explica.
Nada justifica…