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sexta-feira, setembro 30, 2005

Em Março escrevi este post "Ainda do medo...". Apeteceu-me repeti-lo porque cansei-me de repetir sentimentos.

Não me agrada esse teu olhar…
Quem és para achares que me conheces bem?
Pensas que tenho medo! Mas quem te deu direito a pensares sequer, sobre mim?
Nota bem: não tenho medo! Não esse medo que pensas! Talvez tenha outro tipo de medo, aquele que me faz recear gente como tu, aquele que me faz adivinhar gente que contagia, conspurca como tu! Tenho medo sim, mas de acordar um dia e me ter esquecido do que é verdadeiramente importante na vida! De olhar para trás e perceber que fiz concessões a mais e que isso me afastou dos meus princípios, do meu trilho na vida! Disso, sim eu tenho medo….Mas não é só disso, não! Também de não conseguir explicar aos que amo nesta vida, que vão no caminho errado! Tantas horas perdi eu já nesse esforço, sem garantias de que tenha sucedido…Tenho medo, de facto, não de os perder, mas de os ver a perderem-se a si próprios!
E tu, continuas nessa arrogância, nesse ar irónico achando, afirmando que tenho medo! Talvez queiras convencer-me que preciso de ti para não ter medo! Como te enganas tu! E eu, com este meu ar receoso – a expressão é tua! – não te desengano. Deixei de te explicar que estás errado. Cansei-me de te contrariar. Tu não sabes, mas não te dou luta porque me concentro apenas em perceber como te tirar da minha vida. E, devagar, todos os dias, vou percebendo melhor quem és, como és. Sei já as tuas fraquezas. Sei onde falhas. Mas não me interessa atacar-te. Somente saber como és. Deixarás de me incomodar porque te colocarei no rol dos identificados e não importantes. Enquanto pensas que me vais enganando, manipulando o pensamento, arrastando para o teu lado, eu vou-te iludindo nesse teu querer. E vou-me alimentando, fortalecendo porque um dia precisarei de forças para voar para longe de ti! Ou para te afastar de mim. Vou percebendo que o que te faz parecer forte é no fundo a tua fraqueza. Mais do que eu, tu tens medo de estar só. Porque só, não tens poder. E tu precisas respirar poder. Não pelo bem dos outros mas porque a tua alma secará sem isso. O teu ego encarquilhará para sempre e desaparecerá.
E por isso, amedrontas os outros, convences o mundo de que precisam de ti, de que sem ti estarão perdidos.
Como te enganas! Como me rio de ti sem que tu vejas! Como desprezo essa tua forma de ser! Como és insignificante nessa tua arrogância! Como te aniquilarei sem que percebas como aconteceu! Tenho até pena de ti. És infeliz por escolha. Serás para sempre infeliz. Mas não é minha missão fazer-te feliz. O meu destino apenas cruza com o teu neste infeliz desencontro. Até nunca mais…

terça-feira, setembro 20, 2005

Para todo o sempre...

Olho para os teus olhos. Sorriem. Ainda. Vestes demoradamente a tua boneca. Com gestos suaves. Como se tivesses medo de a magoar. Delicadamente. O teu olhar atento. De vez em quando, olhas-me e sorris. Como se soubesses a imensa sabedoria de ternura que lhe colocas. Os teus olhos vão sorrindo. Ainda. Um sorriso calmo e tranquilo. Os meus não sorriem mais. Esforçam-se por não verter o oceano de tristeza em que me vou inundando. Saberás tu que o destino não se cumprirá?
- Penteias-me o cabelo?
Claro que sim. Ficaria aqui o resto da eternidade penteando o teu cabelo. Afagando essa cabeça pequenina. Expulsando o sofrimento imenso que a atormenta. Em gestos tão suaves e delicados como os teus. Porque eu aprendi contigo. Aprendi a ter calma perante o que se não pode vencer. Que até ao último minuto ainda se pode dar carinho. Sabes, ensinaste-me uma nova forma de amor. Um amor imenso. Tão grande que me vai estalando todas as paredes do coração. E vai transbordando. Saindo de mim. Para ti.
- Achas que estou bonita?
Tu és bonita. És o ser mais bonito do universo. O teu sorriso ilumina mais do que todas as estrelas no céu. E eu preciso de uma luz que me guie nesta escuridão. Preciso de ti, aqui. Aqui, ao meu lado. Apetece-me pedir-te que não vás. Não vás! Mas tu não sabes ainda que o destino não se cumprirá e que depressa chegará o tempo do último olhar. Do último sorriso. Do último beijo. Queria tanto poder pedir-te para ficares…
- Não tenhas medo…
Não terei meu amor. Tenho as tuas mãos nas minhas mãos. Pequeninas. Leves. Ainda quentes. Ouve ainda um segredo. Ficarás sempre comigo. Dentro de mim. Para todo o sempre. Falarei contigo. Contar-te-ei segredos do mundo. Daqueles que não conto a mais ninguém. Deixa-me ainda dar-te um beijo apertado, que ficará ensopado no meu corpo. Abraçar-te como quem abraça o tempo. Para todo o sempre…

quinta-feira, setembro 15, 2005

Saiba as diferenças!

Gostei de ter constatado que fui retirada do elenco dos Blogs de "O Sexo dos Anjos".
Na realidade, é verdadeiramente reconfortante saber que não me misturo com certos ideais! Principalmente quando esses ideais não tem mesmo nada de ideal!
O Ideal, aliás, era cada um de nós aprender a tolerar a diferença que existe em cada indivíduo.
Bem sei que o congratular-me por me situar "fora" daquele circulo, não é "ideal".
Mas o respeito deve ser recíproco. E não o sendo, concede-me o direito de protestar.
E protesto, com veemência, contra o carácter xenófobo, racista, homofóbico de certos postes.
É um direito que me assiste. Como ser humano, como pessoa e como cidadã.
Só quem não é amado e nunca conheceu o amor e não reconhece a necessidade intrínseca ao ser humano de amar e ser amado, pode querer condicionar, rotular, "acondicionar", impor restrições a esse sentimento. A consequência é necessáriamente a amrgura, a mesquinhez.
Mas, meus amigos, ninguém tem culpa!
Não custa, ao que parece, a muito "boas almas" escreverem (por vezes até de forma ofensiva) contra a homossexualidade e contra o aborto. A mim, custar-me-ía dormir em paz se o fizesse!
Condena-se quem pratica o aborto ou quem se proclama a favor dele, mas não se critica - apresentando soluções - as condições (ou a falta delas) que muitas vezes conduzem a isso.
Critica-se a adopção de crianças por gays, mas não se critica - e mais uma vez, não se apresentam soluções - para evitar as centenas (milhares?!) de crianças que são maltratadas pelos pais e que são usadas como arma de arremesso por eles mesmos.
Critica-se a suposta existência de gays em posições de estado que fazem supostos favores a amantes ou a quem desejam que venham a ser amantes, mas não criticam que o mesmo seja já e há muito tempo feito (e não supostamente feito!) por heterossexuais.
Haja paciência....que eu já não tenho. Nem sequer para continuar a escrever sobre tais enormidades!